O anúncio da nova S10 que irá ao ar no domingo, dia 26, tem todos aqueles clichês da vida no campo: o fazendeiro de traços marcantes com braços fortes e queimados do sol, a família numerosa (haja fertilidade!), a caçamba carregada de grãos e a S10, claro, mostrando sua valentia em terrenos enlameados e até cutucando a concorrência ao desatolar uma velha Ford F-4000.
E, embora, a GM revele que 45% dos compradores desse tipo de veículo estejam em cidades com menos de 500 mil habitantes, a verdade é que a cena não difere muito dos anúncios de utilitários esportivos em trilhas, montanhas e florestas. O consumidor gosta dessas imagens, mas no fundo quer distância de poeira, suor, desconforto e barulho. Caso contrário, não só a nova S10 como a pioneira Hilux e outras rivais como Amarok, L200 e Frontier não teriam ficado cada vez mais próximas dos carros de passeio.
É um caminho sem volta comprovado pelo iG Carros ao dirigir a picape da Chevrolet. Dá para dizer com segurança que a S10 agora chega a ser mais confortável e moderna que um Astra, por exemplo.
GPS na plantação
Quer saber o que a picape tem para oferecer? Transmissão automática com opção sequencial? Tem. Câmera de ré? Sim. GPS integrado no painel? Também. Bluetooth? Claro. Ajuste elétrico do banco? O motorista, sim. Ar digital? Sem dúvida. Comandos satélites no volante? Essa é fácil. E não pára aí. De porta-trecos aos bancos de couro e direção hidráulica de série, a S10 está tão fácil de dirigir que nem parece um utilitário. Está mais para um sedã que trocou o porta-malas pela caçamba.
Claro que a GM enfatizou os avanços do perfil de trabalho da picape. Ela é bem mais potente que a anterior com motor a diesel – 180 cv contra 140 cv – e oferece muito torque (o que interessa). São 45 quilos, 10 a mais que a antiga S10. Também equipou o veículo com tração 4x4 com acionamento eletrônico que funciona até 120 km/h e instalou vários sistemas de segurança como controle de tração e estabilidade para torná-la segura.
A capacidade de carga cresceu de forma significativa. Agora ela carrega 1,2 tonelada na cabine dupla e 1,3 tonelada na cabine simples. Para agradar os consumidores da versão flex, o torque do motor foi melhorado para cerca de 24 kgfm e com ganho no consumo. E, para não espantar os clientes que possam estar receosos quanto à confiabilidade da picape, estendeu a garantia para três anos, a exemplo de seus concorrentes.
Upgrade na tabela de preços
Tudo isso porque a nova S10 ficou mais cara. Bem mais cara. A versão cabine simples de entrada com motor flex custava R$ 51 mil e agora passou para R$ 58,9 mil, aumento de 15%. Se antes a S10 Executive a diesel e 4x4 saía por R$ 103 mil agora a S10 LTZ 4x4 – a mais completa da gama – custa R$ 135 mil.
E não é uma questão de custo-benefício já que não há nem como comparar o conteúdo da antiga com o da nova. Quem comprar a S10 2012 levará muito mais em qualquer versão, mas a verdade é que a picape mudou de público. Abandonou os que buscavam um modelo acessível e robusto e virou opção de gente mais abonada, que procura esse “familiar rural”.
Silêncio a bordo
Seja com motor flex ou diesel, a nova picape está infinitamente mais silenciosa. O trabalho de redução de ruídos foi primoroso a ponto de enganar o motorista se o veículo estiver ligado. O espaço interno cresceu, mas esperávamos mais tanto assim que, após o test-drive, conferimos as medidas da cabine da nova e da velha S10. A largura do cockpit, por exemplo, cresceu 4 cm na frente mas é praticamente o mesmo atrás. O espaço vertical, esse sim, melhorou, de 3 a 5 cm, e as pernas dos ocupantes também não ficam tão espremidas e encolhidas. A posição do motorista agora é 8 cm mais alta em relação a anterior.
Em resumo, a GM se preocupou mais em melhorar o conforto no banco traseiro, mas a cabine da nova S10 é, em geral, um pouco menor que o da Amarok, da VW, outra picape que tivemos oportunidade de medir.
Se até aqui o avanço é discreto, basta “olhar para frente” para notar que a S10 não tem nada a ver com a primeira geração. O volante grande e desajeitado deu um lugar a um item menor e com formas ergonômicas e controles satélites nas versões mais caras. O painel de instrumentos bebeu na fonte do Camaro e traz no centro uma tela com computador de bordo. Já o console central é dividido pelo rádio em cima e o sistema de climatização embaixo. Na parte superior, é possível instalar um kit multimídia com GPS e câmera de ré, e na parte inferior, há opção de ar-condicionado digital que possui um lay-out circular, original e bastante intuitivo.
O acabamento usa materiais agradáveis ao toque e detalhes cromados de bom gosto. Há várias tomadas de 12V, entradas para diversos tipos de mídia e muitos, muitos porta-objetos. Uma boa sacada, por exemplo, é um compartimento abaixo do assento traseiro, útil para guardar algum objeto pequeno já que não há espaço no fundo da cabine.
Dirigimos um exemplar flex com câmbio manual e outro a diesel com transmissão automática e esta última deixou uma impressão muito boa. O câmbio de seis marchas tem trocas suaves que trabalham bem com o motor com alto torque. Já a versão flex dá conta do recado, mas sem empolgar. A manopla do câmbio treme a ponto de lembrar a antiga S10 diesel, mas as trocas de marchas são bem superiores enquanto o pedal da embreagem é longo demais.
A direção hidráulica é um tanto pesada, porém, manobrar a S10 é uma tarefa tranqüila. Quem migrar da antiga picape para a nova também se espantará com a suspensão, bem mais firme e confortável. Em curvas, o modelo da Chevrolet mostrou equilíbrio acima da média e o excesso de torque foi devidamente domado pelo controle de tração.
Sem sujar as botas
Apesar da longa demora pela nova geração, a Chevrolet está numa posição favorável para manter a liderança no segmento. A S10 é superior em muitos aspectos a Hilux, sua principal rival, até por uma questão de timing – a Toyota já tem oito anos no mercado. Outras concorrentes como a Amarok, L200 e Frontier podem até ganhar em ou outro aspecto, porém, não têm força para incomodar em certos nichos como o das versões flex.
Com a chegada da nova Ranger em maio, o segmento de picapes médias só contará com modelos dessa fase mais confortável e urbana, afinal na era do agronegócio nem é preciso mais sujar tanto as botas para administrar a fazenda.
Fonte: iGCarros
Nenhum comentário:
Postar um comentário