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segunda-feira, 28 de março de 2011

No Malibu, conforto e espaço são as prioridades


Um amigo, que não manja muito de carros, chega em casa, avista a chave do Malibu sobre a mesa e pergunta: “Mudou muito o novo Classic?”. Explico que aquela chave presa ao alarme por uma pobre argola não é a do menor sedã da Chevrolet, mas sim a do segundo na hierarquia da marca. Ele, naturalmente, acha um absurdo que Vectra, Astra e até mesmo Agile terem chave e alarme integrados numa peça só e o sedã importado do Canadá, não. Pois esse é o Malibu: um sedã de qualidades, mas com algumas contradições.

Passada a primeira “frustração”, o Malibu recebe muito bem seus ocupantes. Quase nos esquecemos da tal chave ao sentarmos nos bancos especialmente confortáveis, que poderiam muito bem servir de cama naquela noite em que você chega tarde em casa e sua mulher lhe tranca para fora. Não bastasse a excelente acomodação dos bancos, há fartura de espaço. Inclusive atrás, onde é possível levar um terceiro passageiro com conforto, já que não há apoio central – o excesso de espaço compensa a falta do equipamento. E as pernas não esbarram nos bancos frontais por conta do avantajado entreeixos.


O acabamento interno, no geral, agrada. Alguns talvez não gostem dos detalhes em madeira, mas é provável que o público do Malibu, em sua maioria, até mesmo deseje o “requinte”. Os materiais usados são de qualidade e agradáveis aos olhos e ao tato, exceto pelas portas, que nos transmitiram uma certa frieza, incoerentes com o aconchego garantido pelos bancos. Já o painel, belo por si só, destoa da elegância pretendida pelo Malibu. E o ar-condicionado, digital, tem apenas uma zona de alcance. Por outro lado, os fãs de porta-objetos têm uma porção deles à disposição, principalmente aqueles responsáveis pelas latas, copos ou garrafas, que realmente seguram bem o objeto.

Outra contradição: os ocupantes também são agraciados com equipamento de áudio da marca Bose, famosa por seu refinamento sonoro. Mas na hora de manobrar, nada de sensor de estacionamento. Vai entender...

Bobão, eu?

Desfaça sua impressão de que o Malibu é aquela típica “barca”, com reações lentas na hora de acelerar, frear e fazer curvas. O sedã da Chevrolet surpreendeu pelo comportamento dinâmico, principalmente em relação à estabilidade. Embora sua direção não seja lá muito direta, privilegiando o conforto, é possível contornar as curvas com certa precisão e rapidez, sem que o carro demonstre algum sinal de dificuldade na tarefa ou que seus pneus de perfil baixo e 18 polegadas chiem. Num asfalto perfeitamente pavimentado (sim, cada vez mais raro), o Malibu parece flutuar, alcançando uma suavidade ao rodar bem acima da média.

Motor e câmbio formam uma dupla em sintonia, e o resultado é um sedã de 4,87 m de comprimento e quase 1,6 tonelada ágil na cidade e com fôlego de sobra na estrada. Mas não se empolgue com a existência do modo manual, operável apenas por paddle shifters no volante. Insosso, logo é deixado de lado. E não por conta do sistema escolhido, que avança e reduz marchas pelos dois lados, bastando empurrar ou puxar a peça, respectivamente. Mas sim por falta de agilidade e exclusivo domínio do condutor – em rotações altas, se você não passar a marcha, ele o fará por conta própria.

Mercado

Rival, principalmente, de Fusion e Azera, o Chevrolet Malibu tem vendas tímidas por aqui. Não se trata, até certo ponto, de falta de qualidade. A Chevrolet importa apenas 200 unidades por mês do modelo, quantia que lhe rendeu no ano passado 1.400 emplacamentos, contra 10.916 do Ford e 7.270 do Hyundai.

A Chevrolet deixou muita gente órfã em 1992. Saía de cena o Opala, produzido desde 1968, para dar lugar ao Omega, que era superior em muitos aspetos, inclusive no preço. Passaram-se os anos e, de certa forma, os órfãos do Opala viraram os clientes do Vectra, muito mais por falta de opção do que por escolha. Carro demais para um gerente, mas de menos para um diretor, o Malibu supre razoavelmente o abismo entre Vectra e Omega. Trata-se de uma boa escolha, que deve se tornar mais interessante na próxima geração.
Fonte: iGCarros

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